Saite da Vida

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domingo, 1 de agosto de 2010

Titio e Pipa - Os Dois Primeiros Cachorrinhos


Titio e Pipa



Aproveitando o silêncio da casa, faz tempo que quero falar deles, as humildes criaturinhas que tem nos acompanhado por trinta e três anos. Alguns já se foram e outros nasceram substituindo-os. A primeira era uma pretinha vira lata, chamada Pipa. Coitada, com dois filhos pequenos, sendo que o Olivier adorava brincar com ela, certo dia verificando que nas suas fezes tinha vermes, não quis mais saber dela. Em viagem à casa de meus sogros, deixei-a por lá. Veio depois o Titio. Este era um cachorro peludinho, semelhante ao nosso atual Peludo. Vira lata também. Malhado entre o preto e branco, muito lindo. A Connie era uma menininha de dois anos e meio quando chegou para nos fazer companhia. Meus filhos adoravam brincar com ele, mas entre eles tinha um menininho malvado que judiava muito. Assim o Titio foi crescendo meio rebelde, embora aguentasse o tranco. Eu também não era tão boazinha, e deixava o titio pelas ruas da cidade. Ele andava, andava, andava, sempre voltando. À noite dormia na sua casinha, no quintal. Nos dias de frio não tinha a preocupação de agasalhá-lo. Definitivamente eu não era amorosa e nem cuidados especiais tinha com ele. A correria com os meus quatro não me faziam uma pessoa muito doce e nem amiga. Fui por duas vezes buscá-lo num terreno na prefeitura de Campinas que ficava numa área próxima à Unicamp. Diziam que os cachorros levados para lá pela carrocinha, seriam usados em experimentação cirúrgica pelos médicos residentes. Como fui convidada algumas vezes a assistir tais cirurgias (1071) pois namorava um aluno desta instituição, sabia que tinha fundamento a lenda. Não era lenda, era a pua realidade. Cheguei na prisão de cachorros, vi-o deitadinho, triste, chamei-o pelo nome: - Titio! Ele ao ouvir minha voz, levantou a cabeça, viu que era verdade e não um sonho, levantou-se. Disse ao guarda: - É este. A carrocinha passava levando os cães encontrados na rua. No mesmo período aconteceu por duas vezes a história se retepetindo. O Titio sendo levado e eu buscando. Mudamos em seguida para um condomínio, ele continuou conosco, ficando mais velhinho. Na época eu passava um remédio forte para pulgas, não me lembro o nome, ficava com os olhos irritados e nervoso, acho que afetava-o neurologicamente, deixando-o meio nervoso, meio doidinho. Junto com a minha negligência, ele se sentia só e humilhado. Eu não ensinava meus filhos amá-lo, porque também eu não tinha amor para dar. Digo que naquela época sentia-me esgotada com a tarefa de mãe e esposa de médico, sempre sozinha, não tendo com quem compartilhar a educação dos filhos. As dificuldades do dia-a-dia, tinham que ser resolvidas somente por mim. Ele também trabalhava muito, dezoito horas por dia. Assim não sobrava amor e energia para mais nada. Até que um dia desapareceu para sempre. Acho que dei a dica para um guarda do condomínio que morava, não moro mais. Penso que ele exterminou o pobre bichinho. Até hoje guardo essa dúvida cruel. Com a minha participação, infelizmente.

Depois destes, vieram outros, e as coisas foram melhorando, nós fomos melhorando, nos tornando mais compassivos, aprendendo a amar mais... graças a Deus!

Insisti com os cachorrinhos porque percebia que vivia num contexto de "pessoas frias", para onde olhava não sentia amor, e achava que com eles poderia aprender amar. E aprendi, aprendemos. A história continua em seguida.