Maio é o mês de Nossa Senhora, mãe de todas as mães. Ela está sempre nos abençoando com seu amor e carinho, cuidando de todos os filhos que a têm por mãe. Na espiritualidade é responsável principal pela legião de suicidas que desencarnaram por incompreensão dos desígnios de Deus. A minha mãe faz parte deste imenso grupo da terra, tendo desencarnado aos vinte e oito anos, vitimada pelo suicídio, deixando uma escadinha de cinco filhos entre quatro e oito anos. Eu sou a mais velha da turminha, posso dizer que senti imensamente a sua perda, somando-se a esta dor maior, a rejeição da sua última benção pelo padre. Senti essa norma seguida pela igreja como uma rejeição, agravando a dor sentida pela morte trágica. Passei anos e anos sem coragem de contar às pessoas que ela havia se suicidado, por sentir um enorme preconceito por parte das mesmas. Ser condenado para sempre ao fogo do inferno para uma filha que ama sua mãezinha, é mais que pode suportar uma criança. Custou-me anos de terapia na vida adulta cuja raiz estava na infância. Felizmente escolhi o caminho de procurar entendimento. Aos vinte e cinco anos conheci através da doutrina espírita que mesmo os suicidas são acolhidos por Deus, embora tendo chegado na espiritualidade, vivam como clandestinos, não tendo acesso ao lugar que lhe é determinado caso chegasse na hora certa prevista por Deus. Mas agora após cinquenta anos de sua morte, sei que foi acolhida pelos meus avós paternos, sendo encaminhada para um instituto de reeducação do espírito.
Em certa ocasião, na Casa Nossa Cantinho (Talinhos), ela deixou-me uma missiva me aconselhando que nunca eu desistisse da luta, porque tinha compreendido que tudo na vida é Deus. Que neste curtos anos para ela, mas longo para nós que aqui estamos, vivia como "uma andarilha da espiritualidade". Que eu cuidasse bem dos meus filhos e sentia muito por não ter feito o mesmo. Lembro-me que nesta ocasião sentia-me orfã também de Deus ( mais ou menos em 1989) estando muito triste.
Atualmente saiu uma reportagem na Revista Veja falando de filhos de suicidas. A sociedade deveria se preocupar mais com esta camada de crianças, pois os traumas são muitos, mais do que se possa imaginar, principalmente oriundos das religiões. Mas Maria e Jesus , estão sempre atentos cuidando dos pequeninos.
Lembro-me que aos dez anos tive um sonho em que ela presa na cruz me pedia água. O sofrimento era tanto que acordei cambaleante, não conseguindo sequer falar, extremamente fraca, como se tivesse passando fome há dias. Após este sonho fiquei por três meses impressionada, que mesmo os sermões do padre nas missas de domingo me atemorizavam. Lembro-me que no dia da palestra sobre os leprosos ( o padre descreveu-nos a doença comentando as condições de vida dos mesmos) talvez evocando no meu inconsciente a rejeição da unção de minha mãe, antes de ser levada para o cemitério (não foi recebida pelo padre). O modo de vida que levavam os leprosos pelo banimento da sociedade evocou-me esta passagem da minha vida, criando em mim um enorme medo de também sofrer algum tipo de banimento. Mas cresci e aprendi que muitas vezes não apenas os réprobos são banidos, mas muitas almas guerreiras que na terra, trazem novidades para melhorar as condições da vida terrena, como cientistas, músicos, artistas, etc, são muitas vezes banidos pela ignorância humana. Resgatei este trauma, dando a luz a quatro filhos que me dão alegria, sendo a minha grande recompensa. Agradeço a Deus a divina oportunidade de ter podido criá-los, dando-lhes boa educação, e continuo insistindo, mesmo através deste blog, a crença e fé em Deus e na eternidade. Aconselho-os a nunca desistirem da vida, não tirando a sua própria, de seus semelhantes, incluindo a evitação do aborto. Assumindo todos os riscos de ter uma filho, mesmo em hora aparentemente errada. A vida é um presente de Deus, devemos cuidar-nos para cumprir a nossa missão até o fim!
Salve Rainha Mãe de Jesus!