Saite da Vida

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sábado, 20 de novembro de 2010

Não seja a vida sempre assim...



De Regina Carvalho para Maria Helena em resposta da postagem Complexo da Dor Social.


Regina Carvalho diz que Coerência Existencial é o entendimento harmonioso entre ser e matéria e o ser mente, é o equilíbrio das emoções determinando posturas, saúde e qualidade de vida em palestra "O QUE SERIA ESSA COERÊNCIA EXISTENCIAL?"




"Querida amiga, bom dia!


Gostaria de agradecer a lembrança que você teve de meu livro.


Gostaria muitíssimo que você pudesse le-lo quantas vezes fosse necessário para justamente compreender que ele, foi escrito por um ser humano que,igual a qualquer outra pessoa,viveu, conviveu e certamente ainda convive com seus próprios fantasmas e vícios posturais e emocionais,mas que ao longo da vida,desamparada por não encontrar respostas e soluções,se viu levada pela imensa vontade de entender a própria vontade de se sentir em paz em meio a tantas diferenças e contrários.


Precisei de décadas, de inúmeras perdas e de muito esforço pessoal para poder me sentir um pouquinho mais leve e poder repassar as pérolas que fui capaz de extrair de todo este esforço, justo para facilitar o entendimento de meus semelhante e então de alguma forma, contribuir positivamente com a vida como um todo.


Fui descobrindo que não somos capazes de mudar as pessoas .Este é um processo individual que só acontece com o despertar da bendita vontade voluntária que reside em cada um. Aprendi também que para fugirmos de nós mesmos e de nossa fragilidade e medo das mudanças e portanto de abraçar a vida,direcionamo-nos aos outros, fazendo-nos crer que somos indispensáveis, pois os outros não saberiam viver sem a nossa ajuda.Lêdo engano.


Todos vivem sem nós até nós mesmos, pois é assim que nos colocamos frente a nós, quando nos abandonamos em função disto ou daquilo, fragilizando nossas existências, como se elas pudessem ser rebobinadas.


Descobri também que, não precisamos virar nossas costas a tudo que nos faz chorar ou fugir, basta que saibamos reconhecer o lugar deles em nossas vidas e não colocar nem mais e nem menos aditivos a esta relação e muito menos permitir que ela nos oprima.


Ficar tão somente com o que tem afinidades é talvez, o passo emocional mais coerente. Parece difícil e talvez o seja no início, pois somos arraigados aos velhos costumes. Entretanto,aos poucos, vamos selecionando em cada um,aquele pedaço que nos satisfaz e desconsiderando aquele lado que nos incomoda.


Egoismo?


CERTAMENTE QUE É.


Por que não?


Amor?


Claro, pois o primeiro passo e único para amarmos verdadeiramente alguém é justamente nos amarmos, pois somente quando nos sentimos leves e sem a pressão do tenho que ser, fazer e sentir é que estamos prontos para verdadeiramente encontrar meios saudáveis de amar seja lá quem for, o que se inclui os filhos.


Fui descobrindo e infelizmente sem ajuda que, o meu bem estar, meu equilíbrio e portanto a minha coerencia pessoal comigo e com o tudo mais, só dependia de mim. Afinal,ninguem é capaz de ser mais forte que eu mesma em minha vontade de viver em paz.


Querida isto não é filosofia, apenas entendimento de sí próprio. O nosso Deus, reside em nós mesmos, mas os seus milagres só encontram campo para acontecerem se nós, assim os desejarmos.


Ninguem precisa mais de nós que nós mesmos. Compreende?


Vá ao seu jardim e abrace o sol, bem apertadinho. E se estiver chovendo, deixe-se lavar sem medos e preconceitos, pois a vida é como um estalar de dedos e nós nela, somos apenas aprendizes".


Mais uma vez agradeço.


Beijos, Regina


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OBS: Gosto de repassar qualquer experiência que vou vivendo, assim vamos caminhando juntos. Este é um momento de reflexão em que vou mudando a pele da minha existência, e seria um desperdício deixar este comentário guardado nas gavetas da intenet ou apenas na minha memória.


Blog da Regina Carvalho










Modinha - Tom Jobim




Não
Não pode mais meu coração
Viver assim dilacerado
Escravizado a uma ilusão
Que é só desilusão


Ah, não seja a vida sempre assim
Como um luar desesperado
A derramar melancolia em mim
Poesia em mim


Vai, triste canção, sai do meu peito
E semeia a emoção
Que chora do meu coração


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Complexo da Dor Social

(título do livro de Regina Carvalho)-

Deixei a postagem com este nome por se tratar da dor que a filósofa se refere.
"A pergunta do livro que terei que responder através deste estudo é justamente por que eu não compro a maça?
"Porque as pessoas permanecem querendo e desejando sempre, sem jamais comprar a maçã?
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Hoje estou cansada, triste e preocupada porque escorrego reiteradamente no vício da escravidão e da indiferença para comigo mesma , vida após vida. Na existência presente mergulhei na postura equivocada do status social, e de crenças ultrapassadas, e sigo a humanidade, repetindo padrões há milênios, tentando me ajustar à lente do outro.
Um casamento, que já em 1987, a minha psicanalista dizia que eu estava carregando o cadáver, que imagem forte! Na época nem entendi muito bem, mas já causou impacto. Hoje nem isso causa porque é uma certeza.
Insistimos, mas não deu certo, ainda não desistimos de verdade, pelo menos oficialmente. Somos muito diferentes, nenhum é pior ou melhor, apenas pessoas diferentes. Pelo contrário, convivo, ou melhor dizendo convivi, por mais de trinta anos debaixo do mesmo teto, com um homem responsável com a vida, que herdou ética do pai, que tem as qualidades e defeitos do homem brasileiro, que vive também igual a humanidade , sem muitos destaques individuais, fazendo o mesmo há milênios, sem nenhuma criatividade, como eu. Será a Normose a onda gigante do século, que abocanha com sua crista, levando toda a humanidade rastejante no chão do conformismo e da indiferença? Deixando de fora apenas aqueles poucos que alçaram o vôo da aventura de ter coragem de experimentar viver a própria vida, usando a própria lente?
Sou capaz de afirmar que ele é melhor que a maioria, e a balança ainda está em equilíbrio, quer dizer estamos algemados por conveniências. Está faltando coragem para um de nós dar o ponta pé, isto significa alguém abrir mão de bens materiais, que é o que nos aprisiona.
Sinto-me desmotivada, cansada e querendo encaminhar os filhos para suas vidas profissionais, torná-los independentes, porque quando isso acontecer, gostaria de ter uma folga, poder viajar um pouco, não me preocupar com parceiro, não precisar ceder, ou fazer o que o outro quer. Quando vejo um amigo que seja dizendo, "não o meu santo não bate com o dele", me sinto mal, como se estivesse em domínio de alguém, mesmo amigo.
Ontem estava dizendo para meu filho, que no próximo final de ano não quero estar preocupada com a casa (comercial ou particular) dele, quero escolher o local onde vou passar o final do ano, me sentindo livre. Ele olhou bem sério e surpreso para mim e perguntou, é sério que você pensa mesmo assim? Estou presa numa armadilha criada por mim mesma, ainda achando que devemos ajudar os filhos se estruturarem financeiramente, emocionalmente. Melhor, acho mesmo que temos esse dever, mas não ficar arrumando mais pretextos para não sair da armadilha. Quanto ao encaminhamento deles diria que está encaminhado, vamos dando o peixe, enquanto se aprende pescar, mas não a peixada. E enquanto a gente vai dando linha eles vão rodando o carretel.
Tenho a amiga Regina Carvalho que me presenteou com seu livro Complexo de Dor Social, ainda não li o livro, folheei-o, mas hoje estou mais uma vez me questionando porque me subjugo de forma suicida ao sistema, um câncer não é uma doencinha é o resultado da minha indecisão. Mudar posturas segundo ela está ligado às perdas, então perder o que nunca tive, por exemplo a felicidade? Porque me iludi tanto, quando sentia a verdade nos meus ossos que desmantelava, até que desmantelou de vez em 2006? Estou sendo burra e teimosa desde sempre, quando me casei era nova e inexperiente, lá pelos trinta e sete comecei tomando consciência, pelos cinqüenta já era macaca velha, e ainda estou nessa? Acorda Maria Helena, deixe a felicidade te levar. Talvez por isso tenha me identificado com as músicas da Tereza Cristina ontem no Jô. Foi esta postagem anterior que me trouxe inquietação, as músicas dela me tiraram o sono, porque alguma verdade estava e está me cutucando.
Também um email que recebi da querida amiga autora do livro Complexo da Dor Social, diz que "não existem mistérios na vivência da felicidade ou do gozo pela vida, apenas o desejo em sê-lo. Uma vez que se dê o comando ao cérebro, todos os sentidos entram em ação, e aí, minha querida amiga, dane-se o mundo, pois tudo que se vê, se ouve e se sente é o desejo de viver em plenitude e isto não significa não ser uma pessoa responsável, amorosa e dedicada ou uma pessoa que abra mão de tudo material ou que possa ampará-la e muito menos faz dela uma egoista e indiferente aos demais. Ao contrário, pois aumenta o grau de consciência e de respeito ao tudo do todo no qual ela está inserida sem, no entanto, fazer de sua vida uma escravidão existencial".
Quando poderei comprar a maçã e comê-la? Espero que breve.


Blog da Regina Carvalho: