VIVI, A GIBÓIA,
LIÇÃO DE VIDAVivi é uma gibóia criada no quintal da Cleuza. Vivia num cercadinho de madeira construída pelo Nego, sendo alimentada diariamente por bolinhas de arroz. Esta cobrinha apareceu ainda filhotinha na varanda, logo pela manhã. Foi deixada pela mãe que com certeza resolveu ganhar o mundo. Cleuza verdadeira mãe para todos os animais da fazenda resolveu adotá-la. Já tinha o Binho, a Kelly, Cláudio e Bruno (todos cachorrinhos), Conrado, um cabrito levado que sua filha enfermeira ganhou de presente no hospital onde trabalha. As gatas Gertrudes (esta é angorá), Elizena e Dag. Depois chegaram outras gatas, outros cachorros e mais bodes. Sempre seis galinhas com pintinhos, geralmente na época do inverno, galos e cem angolas. E Vivi foi ficando no meio desta bicharada. De vez em quando passeava no meio das aves o que as deixava arrepiadas. foram se acostumando. Até que correu notícia no meio rural que na fazenda havia uma gibóia , que chegou novinha e estava já crescida. A secretaria do meio ambiente veio visitá-la para ver se era verdade o boato. Fotografou, e Vivi, a que vivia no quintal, foi parar no jornal da cidade, na televisão. Nego passou a ter um caso de amor com Vivi. Aprendeu tocar uma flautinha ensinando a cobra dançar. Até o Faustão ficou interessado na cobra dançarina. A dança que ela mais gostava era sapateado. Vivi batia o rabo no chão seguindo o ritmo, lançando o corpo para frente e para trás. Perceberam o estranho talento de Vivi o dia que Phillip , o francês, colocou a música New york. Ela se enroscou num lencinho vermelho caído no chão por descuido, ornou-se cá no pescoço e começou a se remexer sinuosamente e estrondosamente. Ficaram na dúvida se também entendia ingês. Interessante, que os movimentos eram coerentes com a música. Não tinham mais dúvida do talento artístico de Vivi. Assim Vivi ficou mais e mais importante. O Nego passou a fazer apresentações nas cidades vizinhas e capital de Mato Grosso. Ganhou um bom dinheiro. Pode até comprar uma camionete do ano que era seu maior sonho. A maior lição que Vivi nos deixa é a boa convivência com animais de outras espécie. Nesta fazenda convivem, gatos, cachorros, cobras, aves e cabras. Cada um respeitando o seu espaço e direito de viver. Passeia tranquilamente por entre as angolas, lógico que de vez em quando se estressam um pouquinho, mas nada que traga dúvidas sobre o direito de Vivi circular tranqüilamente entre elas. Não se tem notícia de ter desaparecido uma única ave enquanto ela vivi por lá, a não ser o gavião Lampião que mora na fazenda vizinha (Bonanza) de uma tal de Fátima. De vez em quando lá vemos um pintinho sendo levado em seu bico. Mas a ordem é não atirar. Vivi preferiu viver numa toca de tatu, abandonada, em vez da caixa de madeira que lhe serviu de berço por algum tempo. Também, sendo canívora por natureza, aprendeu com a Cleuza ser vegetariana, isto é, se alimentar de arroz, milho e vegetais e queijo tofu. Até hoje não experimentou o sabor da carne, não tendo tentação de comer seus irmãos pela natureza. Esta atitude foi sabedoria do grande amor que a Cleuza sente pelos animais. Assim todos podem viver pacificamente. Quem sabe os homens um dia poderão se confraternizar sendo todos da mesma espécie, só variando a cor de pele, textura dos cabelos, formatos de olhos, diferenças de costumes e língua? Até a Vivi entendeu Inglês e a linguagem da dança, convivendo no seu restrito espaço com a universalidade? Mudando de hábitos alimentares em prol da preservação das espécies? Deu uma lição de Não Violência, ensinada por Ghandi. Isso é Amor e Ética.